Búzios

Fernando Tomaz quer mais qualidade de vida para a população de Búzios

João Victorino

Tempos atrás, quando a Prolagos estava concluindo a primeira fase do sistema de saneamento do Centro da cidade, os técnicos afirmaram que iriam procurar os donos dos restaurantes e lanchonetes para que não negligenciassem com as normas de conservação das caixas de gordura, para que o esgotamento não fosse prejudicado. Pode ser que isso tenha sido uma novidade para uma grande maioria, mas há muito faz parte dos cuidados que o empresário português/angolano, Fernando Manuel Ferreira Tomaz vem observando em seu restaurante.
Quem passa pela rua Manuel Turíbio de Farias pode ter certeza de que o “David” tem uma preocupação muito grande com essa qualidade. O telhado exibe uma imensa chaminé, que não exala odores e sim um ar com cerca de 95% de pureza. Os dejetos da cozinha também são tratados antes de seguir para a rede de esgoto do prédio. Uma coisa rara nesse mundinho que trabalha com alimentos, e que nem sempre toma esses cuidados.
- Vi esse equipamento funcionando no Rio de Janeiro. Achei a idéia fantástica, pois essa é uma das minhas maiores preocupações desde que resolvi entrar nessa área de restaurante. Trouxe o modelo para Búzios. A parafernália pesa uma tonelada, mas acredito que isso possa ser considerado um peso pluma se considerarmos todo o bem estar que oferece à população, ao ser humano. Isso é o que conta! – afirma Fernando, sem esconder um brilho nos olhos, que retratam a sua felicidade por estar contribuindo com a sua parcela de preservação do meio ambiente.

Preservar a vida é a meta
Quem o conheceu pesando 120kg, nem pode imaginar que o novo magro tem uma rotina intensa de exercícios, que inclui uma caminhada diária de 15 km, saindo do Centro, passando por João Fernandes e terminando com um banho de mar na Praia da Foca, a sua preferida, uma verdadeira paixão. Isso tem permitido que todos se espantem quando afirma que já completou 47 anos.
Sua rotina mudou muito depois que descobriu um problema de saúde decorrente do cigarro. A situação foi complicada. Mas a força de vontade e o desejo de viver plenamente superaram todos os problemas e Fernando resolveu abraçar as novas esperanças com uma garra absoluta. Por isso mesmo é um inveterado antitabagista. O seu estabelecimento comercial tem cinzeiros sobre a mesa, pois não quer inibir os seus clientes, mas é totalmente avesso ao cigarro.
- Não me preocupo apenas
com o cigarro. Quero viver num mundo em que as pessoas respeitem mais o seu habitat. Por isso mesmo não admito o emporcalhamento das ruas e das praias. Sempre que posso recolho papéis e lixo jogados por aí e coloco nos locais apropriados. O nosso povo ainda não está educado para a preservação do ambiente em que mora, em que vive, podendo ajudar a purificar cada vez mais o ar que respira. E Búzios nos oferece uma vida sem igual. Sou um apaixonado por esta cidade. Fico horas seguidas olhando o mar e cada vez me apaixono mais. Por isso tenho que fazer a minha cota de conservação – enfatiza o empresário, esperando que as pessoas possam vir a se conscientizar dos malefícios que causam à sua saúde pelo desleixo.

O amor é a receita
do sucesso
O passaporte dele já recebeu muitos carimbos de entrada e saída: Portugal, Brasil, Estados Unidos. Nunca se atemorizou com os desafios. Já foi motorista de táxi e analista de sistemas. Hoje é um comerciante de sucesso. Mas isso não foi por acaso. Tem a seu lado a presença de sua mulher, a não menos portuguesa Rosângela Tomaz, a “Janja”, que comanda um exército de cozinheiros e ajudantes. Ao todo são 42 funcionários, todos com a carteira assinada, e trabalhando ininterruptamente, isto é, sem o esquema costumeiro na região, onde as pessoas são requisitadas apenas nos períodos de alta temporada, permanecendo o restante do tempo desempregadas.
- Me considero uma pessoa muito feliz por trabalhar com a Rosângela e também tendo a meu lado o meu cunhado Carlos. Com eles formamos um trio plenamente ajustado, que se incorpora plenamente à orquestra de funcionários, onde nada desafina. Tanto que estou preparando uma equipe de 18 pessoas com a finalidade de apenas cobrir as férias da turma. Pois, para mim, não sei o que é isso há muito. No máximo são dois ou três dias, e olhe lá – garante Fernando, mostrando porque o seu restaurante tem um atendimento médio de 300 a 500 pessoas diariamente, com mesas de duas a doze pessoas, onde uma refeição não costuma demorar mais do que 30 minutos, embora as mais simples possam chegar à mesa em apenas 10 minutos.
Existem períodos em que as filas na porta deixam qualquer um intrigado. Um grupo de argentinos, com seis pessoas, que esperava ser atendido, dá a receita: os pratos são muito fartos e estão dentro do orçamento de qualquer viajante. Por isso podem ser encontrados ali nobres e plebeus.