Búzios

O mais tradicional bloco de rua da Cidade, o ‘Vou ali e
Volto Já’, desrespeitou a orientação da Prefeitura, saiu
do seu ponto de concentração e veio para o Centro desfilar pela Turíbio de Farias e voltando pela rua das Pedras como sempre fez.
‘Foi uma rebeldia legítima’ – afirmou ao PH um de seus diretores, inconformado pelo confinamento do bloco da Armação que, conforme a determinação das autoridades, este ano não deveria vir ao Centro.
‘É impossível concentrar mais de cinco mil pessoas naquele pequeno espaço’ – continuou o diretor. No sábado, logo no início do carnaval o Vou Ali... se expandiu pela rua da Brava, que foi toda tomada até a estrada da Usina. Mesmo assim faltou espaço. Na segunda-feira foi impossível segurar os componentes, os passistas e a grande bateria que veio pela Orla Bardot, ganhou a Turíbio e voltou pela rua das Pedras.
Mas houve um incidente, logo na Turibio. Sua bateria foi atingida por ovos e pedras, farinha, etc. O problema foi contornado pelos próprios figurantes de bloco que reagiram. Os agressores fugiram e o Vou Ali continuou seu desfile.

Um estranho apagão faz o ‘Vou Ali’ desfilar no escuro. ‘Foi sabotagem’ – denunciam alguns dos integrantes

Mais um fato mexeu com os nervos dos milhares de foliões. Logo que o Vou Ali... botou o pé na Orla Bardot a iluminação pública e dos bares misteriosamente se apagou. Até o Centro da Cidade ficou às escuras. Os integrantes do bloco não acreditam no acaso. Para muitos deles houve mesmo sabotagem.
O bloco desfilou sob os potentes faróis de um caminhão que portava as imensas caixas de som, a bateria deixou de ser amplificada. E no escuro, iluminado ainda por fogos de
artifício, lá se foram em direção ao Centro. Até que a luz voltou repentinamente no meio do desfile.
Nenhuma rua da Cidade, pela primeira vez na sua história, teve decoração de carnaval. Os blocos, como é tradicional, não receberam qualquer subvenção. O financiamento do desfile veio da venda de camisetas e do livro de ouro dos sambistas que o passaram entre os comerciantes, como aliás, é feito todos os anos.
Sabe-se que a Prefeitura alegou problemas financeiros, mas na praça da Rasa, as autoridades pagaram uma banda para tocar, desde que o bloco Unidos do Cruzeiro, nas imediações, ficasse por lá mesmo. Assim foi feito. Nos bairros mais distantes, como Tucuns, as Cocotas de Tucuns, outro bloco tradicional, ficou ‘na comunidade’ – como pediram as autoridades. Assim o carnaval de rua de Búzios teve um desempenho abaixo da crítica. Espalhado e ausente do seu público tradicional. Mal comparando seria como obrigar a Mangueira desfilar em Madureira, longe do Sambódromo.
Apenas, ainda no sábado, ‘O Chupa mas Não Baba’ desfilou na Turíbio. Mas muito rapidamente. No entanto o bloco carnavalesco ‘Cachaça no Bule’, não deu a menor bola para a decisão da Prefeitura. Saiu da sua concentração, no domingo à tarde, lá no Largo do Ceceu, bagunçou o trânsito – afinal as ruas no carnaval são dos blocos – e veio até o Cilico. Como sempre, juntou milhares de pessoas e manteve a tradição e alegria do carnaval de rua.