site em português
  • Página inicial | 
  • Fale Conosco | 
  • Marketing
» Página inicial » Notícias » APAE Búzios é ouro e prata em competição do Comitê Paraolímpico Brasileiro

Notícias

APAE Búzios é ouro e prata em competição do Comitê Paraolímpico Brasileiro

publicada em 07/05/2011

Irmãos campeões haviam sido desenganados pelos médicos, ao nascerem

Bruno Almeida

Das 62 unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do Rio de Janeiro, a única que participou da etapa regional do Circuito Loterias da Caixa Brasil de Atletismo, Halterofilismo e Natação, foi a de Búzios, levando nove atletas. Ao todo eles trouxeram seis medalhas, sendo duas de ouro e quatro de prata. A competição foi realizada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), objetivando “coroar o desenvolvimento da prática desportiva dos municípios e estados do nosso país”. Ela aconteceu nos últimos dias 15, 16 e 17, em Curitiba. Foi disputada por atletas com deficiência intelectual, física e visual, a partir dos 12 anos, do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
São esses os nove novos heróis buzianos do esporte: Clayton Martinet (ouro nos 100 metros de nado Peito), Douglas Martinet (ouro nos 50 metros de nado Livre e prata nos 100 metros de nado Borboleta), Lucas Espírito Santo (prata no arremesso de peso e na corrida: nos 1.500 metros rasos e nos 400 metros rasos), Deyvid Martinet (natação), Luís Carlos Gregório, José Luís Pereira, José Luís Correa, Eduardo Carvalho, e Luíz Antônio Sipaúba (todos esses concorrendo no atletismo).
Dentre os 60 alunos da APAE Búzios, eles foram selecionados para participar do Circuito por apresentarem os índices de aprovação necessárias. Os treinos são puxados, e agora com um diferencial: os próprios alunos, com ajuda de doações, estão construindo, na sede da instituição, uma pista de salto a distância e uma área de arremesso de peso, disco e dardo; além de já contarem com uma piscina semi olímpica e continuarem efetuando os treinos da corrida na rua e na praia. O professor de Educação Física, Fábio Coboski, há sete anos responsável pelo esporte educacional da APAE, apela para que os empresários da Cidade ajudem mais com doações, e se emociona ao falar dos frutos colhidos pelo seu trabalho:
- Nós temos noção do potencial desses atletas, agora o próximo desafio é mostrar isso para a Cidade, para que as pessoas comprem essa briga. Nós queríamos levar os 60 alunos, ficamos tristes por nem todos poderem ir. Aqui, visamos a formação do cidadão, antes de mais nada. Passamos a eles os valores morais, éticos; eles entendem bem o clima de competição. Além de serem especiais, são carentes. E com o esporte, que aliás não é o carro-chefe da APAE, nós estamos oferecendo oportunidades. Eles viajam, conhecem outros estados, se divertem, estamos mudando a vida dele. E isso não tem preço, é muito gratificante, um prazer – se expressa Fábio, ao lado de outro professor, Júnior Souza, que desenvolve o trabalho de base, com as crianças, há três anos.
Outra pessoa que se emociona é a diretora da unidade, Elenice Martinet. Ela é mãe de Clayton, Deyvid e Douglas. O primeiro, além de conquistar a medalha de ouro, conseguiu a Bolsa Atleta (benefício do Ministério dos Esportes) no valor de R$300 para continuar seus treinos e já havia subido ao pódium, no ano passado, na Paraolimpíada Escolar, em São Paulo. No seu mais recente feito, garantiu sua vaga para as etapas nacionais do Circuito, que acontecerão em Fortaleza (5 a 7 de agosto), São Paulo (2 a 4 de setembro) e Porto Alegre (2 a 4 de dezembro). A história de Elenice com seus filhos merecia um livro:
- Quando eles nasceram os médicos falaram que eles não poderiam fazer nada, praticar esporte nem pensar; não teriam vida social, não iriam desenvolver noção do perigo, não teriam independência. Pior: falaram que eles viveriam só até os 12 anos. Depois que eles cresceram, os levei para os médicos verem, e eles deram de ombros. Portanto, a medicina nem sempre tem razão. Só quem pode dar e tirar a vida é Deus. Onde só tinha ‘não’, Deus falou ‘sim’. Até ser diagnosticado o grau de deficiência deles, a APAE os tratou no escuro e fez um belo trabalho. Meus filhos são normais, são o orgulho da minha vida, eles são amáveis, prestativos, trabalhadores, estudiosos, eu estou muito feliz, é um privilégio pra mim.
A direção da APAE e os alunos fazem questão de agradecer a todos que apoiaram a delegação até Curitiba: Malizia Tour (que financiou as despesas de combustível e pedágio); Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda (que financiou os uniformes); ao chefe de cozinha Sr. Arthur; ao Bar do Babinho (São José); aos hortifrutis, e aos familiares e amigos que ajudaram a concretizar este sonho. Em especial, os alunos agradecem a presidente, Ângela Barroso, por acreditar na capacidade de superação de cada um e no potencial de serem atletas de alto nível.

fotos vídeos como chegar